AQUI ONDE ESTOU prolonga o gesto iniciado em Daqui de Onde Estou (Veneza 2022) convertendo o espaço expositivo em campo de escuta, partilha e afirmação. Se antes a urgência era dizer "daqui", agora o desafio é insistir no estar - com o que se tem, com quem se está, com o que resta.

Aqui, o espaço não se visita - se atravessa. Quem entra, habita; quem habita, desloca; quem desloca, transforma. A exposição convida o visitante a atravessar perguntas e fricções. A obra não ilustra ideias: ela propõe, intervém, transborda.

 

Três perguntas organizam o percurso crítico e afetivo da mostra:

 

Quem pode falar e ser ouvido? 
(autoria, escuta, legitimidade) 
Obras como Minha História Deixa Que Eu Conto (Analize Nicolini), Circunstâncias (Kamilla Nunes & Aline Natureza), Diário (Raissa de Góes) e Leituras de um lugar valioso (Luiza Baldan) investigam as condições de fala e escuta em contextos de silenciamento, apagamento ou violência simbólica.

 

Como corpos e territórios resistem?
(fricção, cuidado, materialidade)
Cerâmicas, colagens e fotoperformance e Ana Campanella, Kamilla Nunes, Sebastián Erráruiz e Tony Camargo propõem estratégias visuais e poéticas de resistência, onde fragilidade e cuidado se tornam matéria política.

 

O que a arte propõe aqui e agora? 
(ato, ruína, reimaginação) 
Obras de Bárbara Oettinger e Analize Nicolini reativam a ruína como ponto de partida para reimaginar mundos - entre o colapso e o riso, entre o delírio e a denúncia, entre o gesto e o grito.

 

Cada trabalho tensiona uma ou mais dessas perguntas. O visitante é convidado a construir sua própria travessia. A arte, aqui, insiste: como presença, como rastro, como risco necessário.

 

Nota adicional: 
AQUI ONDE ESTOU (2025) dá continuidade à exposição DAQUI DE ONTE ESTOU (2022), apresentada em Veneza no contexto da 59° Bienal, na sede da WeExhibit, com curadoria de Analize Nicolini e Fernanda Andrade, e coprodução entre a BraSA.Art e a SOMA - People & Culture. Naquela ocasião, a exposição interrompida Intimidades transformou-se em ato público de partilha e escuta. Agora, essa trajetória se reafirma a partir do Sul do Sul, com presença, escuta, gesto e urgência.